A
mortalidade materna é marca da injustiça social e não pode continuar
acontecendo no Brasil. O entendimento foi ressaltado na sessão especial
comemorativa ao Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna e Dia
Internacional de Ação pela Saúde das Mulheres. A atividade requerida e dirigida
pela vereadora Fabíola Mansur (PSB), na manhã desta terça-feira (28), no
Plenário Cosme de Farias da Câmara, mostrou que 90% das mortes poderiam ser
evitadas.
“É direito de todas as usuárias e
todos os usuários dos serviços de saúde o atendimento com respeito e
igualdade”, frisou a vereadora Fabíola Mansur. Ela lamentou os números da
Organização das Nações Unidas sobre mortalidade materna no Brasil, com 68
óbitos por 100 mil habitantes. “Os dados envergonham”, frisou. Como forma de
reduzir os índices negativos apontou o acesso ao pré-natal e o atendimento
obstetrício de qualidade.
Segundo a médica Maria José Araújo,
executiva da regional Bahia da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos
Sexuais e Reprodutivos, “as mulheres que morrem por conta da mortalidade
materna são negras, índias e em condição de pobreza”.
Dentre os problemas relacionados ao
assunto, Maria José citou o financiamento e a descentralização da saúde e o
compromisso dos profissionais. “A morte materna é invisível no sistema de
saúde”, assegurou.
Injustiça social
Conforme a médica Ana Luiza Fontes,
representante da Secretaria Estadual da Saúde, investimentos estão sendo
realizados. “Estamos trabalhando para reduzir os indicadores de morte materna”,
afirmou.
“O dia é de reflexão e a questão da
mortalidade materna é da sociedade e não de saúde. É uma marca da injustiça
social. Morrem mulheres negras, índias e pobres”, frisou o médico David Nunes,
presidente do Comitê de Mortalidade Materna do Iperba.
Para a médica Carla Gisele, da
Secretaria de Política para as Mulheres, “maternidade é um direito e exige uma
nova forma de atuação do Estado”.
Outra causa relacionada à mortalidade
feminina é o abordo. Segundo Greice Menezes, integrante da Rede Feminista de
Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos, conforme a pesquisa GravSus nas
cidades de Salvador, Recife e São Luís, a capital baiana lidera os casos.
O amplo debate realizado pela Câmara
contou com as participações de Antônia Garcia, Coordenadora do Centro da Mulher
Baiana (CEM), Vilma Reis, Coordenadora do Projeto Encruzilhada dos Direitos
Sexuais e Reprodutivos, Cecília Sardenberg, membro do Núcleo de Estudos
Interdisciplinar sobre a Mulher (NEIM), Jaciara Silva, Emanuelle Góes, do
Instituto ODARA, Luciana Cruz, da Secretaria de Políticas para Mulheres do PSB,
Janildes Lima, da Liga de Mulheres de Mussurunga, dentre outras militantes da
causa.